31/08/2006

[...]Pesadelo[...]

Ainda sinto o cheiro da tinta fesca que pairava no ar daquele predio verde acabado de pintar. Ainda me lembro de como o sol estava naquele dia, com tons larajas e amarelos espalhados pelo céu. Algumas nuvens brancas rondavam aqueles raios de sol como se quisessem aquecer-se depois de uma tarde chuvosa e fria. A areia do parque estava alagada, mas das portas dos prédios, saiam crianças com vontade de aproveitar o resto do dia. Já passavam das 18h quando liguei a rádio e pus-me a ouvir "As long as you love me" dos BSB. Olhei para a janela do meu quarto e senti o meu corpo a ser puxado pela minha intuição feminina até ela. De repente senti um calafrio a percorrer-me o sangue das veias; o vento soprou forte. Os meus cabelos ondulavam ao seu ritmo, enquanto que no meu pensamento aquela imagem constrangedora me perturbava. Assim sem me aperceber, os meus olhos fecharam pela primeira vez e vi a sua cara. Enrrugada e velha a aproximar-se de mim de um modo assustador. Abri os olhos de rompante, não queria continuar a lembrar-me. Mas, mesmo sem o meu consentimento os meus olhos voltaram a fechar-se e a mesma imagem se montou na minha cabeça. Aqueles cabelos brancos disfarçados com tinta barata, aqueles olhos esbugalhados e com um desejo infindo por trás... Cada vez mais perto da minha cara. Fiz força, muita força para abrir os olhos. Mas como se por feitiço, eles não quisessem abrir. Comecei a sentir as sua mão esquerda a percorrer a minha coxa direita de uma forma violenta, enquanto a outra mantinha a minha boca fechada. Não conseguia respirar. Os seus lábios velhos e amargos cobriam o meu pescoço de saliva nojenta e fora de prazo. Por momentos pensei que a minha vida tinha acabado. Mas por sorte alguém decidira passar por ali e consegui fugir. No meu quarto silencioso, um suspiro de alívio ecoou logo que os meus olhos se abriram. Tudo se passou há 7 anos ... Mas cada vez que fecho os olhos parece que foi há 5 minutos...

sem mais comentários [...]

4 Comments:

At 12:13 da tarde, Blogger FilipaC said...

Existem coisas que nem nós mesmas queremos lembrar.

...

****

 
At 1:36 da tarde, Anonymous Anónimo said...

... não sabia... sinto mtu...

Carlos

 
At 1:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

princesa, é o que te digo... não compreendo como te podem fazer mal...
adoro-te miuda.

Sérgio*

 
At 1:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sem palavras...

 

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