06/10/2009

Bad DAY!

- Hoje reconheci-te novamente. Reconheci aquele andar, aquele olhar, aquele falar, aquele respirar… Tudo mudara outra vez. Lá estavas tu de novo a encobrir os sentimentos, a refugiares-te na personagem que tinhas criado para aquele tipo de dia. Não entendo porque tanto sorrias se não conseguias esconder o teu verdadeiro estado de espírito? Eu conseguia ver que, por detrás daquela felicidade entusiasta, pairava sobre o teu olhar um misto de sensações pesadas que, vagarosamente, se foram instalando em cada gesto ou em cada palavra que proferias. Será que pensas que enganas toda a gente com aquele sorrir de orelha a orelha? Com aquelas gargalhadas exímias e contagiantes que tiram qualquer pessoa do sério? Pensarás tu que eu, quem melhor te conhece, não veria aquela fachada tão meticulosamente estudada e expressa? Alguma coisa aconteceu, diz-me o que foi…

- Tu sabes muito bem o que foi…

- Sei?

- Sabes, tu estavas lá comigo. Viste, ouviste e sentiste tudo o que eu vi, ouvi e senti.

- Não me lembro.

- Não te lembras ou não te queres lembrar?

- Desculpa, mas não me lembro mesmo…

- Não penses, não racionalizes, sente, escuta o coração e vais ver que te recordas!

- Não acredito nisso!

Fecha os olhos, a sério, faz o que te digo, confia em mim, em ti, em nós [de olhos fechados] … - Eu hoje também te vi, sempre a tentar compreender o porquê de todas as coisas que me aconteciam. Sempre a tentar arranjar uma resposta plausível para cada momento sem explicação racional. Já te disse, nem tudo tem respostas concretas, nem tudo é como as ciências exactas. Há fenómenos ininteligíveis, indecifráveis, impenetráveis… Foi nesse momento do dia que te vi a apagar, a desaparecer... Será que te apagaste porque tiveste vergonha de admitir que não sabias as respostas para tais sensações? Enfim, foi nessa altura que tu te fundiste comigo para que eu não suportasse o peso todo sozinha, porque sabias racionalmente que não me ia aguentar e que nem tu te aguentarias sozinho. Agarraste-me quando me senti a cair, cada vez mais a fundo, porque eu sou a parte fraca e tu, a parte forte que se esconde atrás de mim para não se envergonhar… Foste tu, sim, foste tu quem me disse para me manter estável, segura de mim e das minhas decisões. E és tu quem esta constantemente a lembrar-me disso.

[de olhos abertos] - Pará! Já me lembrei. Eu sei que ao veres essa dita cuja pessoa novamente trouxeram recordações que te feriram a sensibilidade e o bem-estar psicológico! Sei que o que ele disse te fez ficar confusa em relação a tudo o que realmente sentes. Mas escuta a razão, desta vez escuta a razão e não te deixes levar pelos caminhos duvidosos do coração, onde a tua venerabilidade é exposta e explorada ao pormenor… Desculpa a pergunta inicial, mas o meu orgulho não me deixou ver o óbvio!